Entenda o que é 'morte súbita abortada', condição que afetou jovem durante corrida no litoral de SP
19/10/2025
(Foto: Reprodução) Arthur Felipe Pinheiro de Barros, de 33 anos, recuperou parte motora com muitas terapias após ter morte súbita abortada
Arquivo Pessoal
A morte súbita abortada, condição que afetou o jovem Arthur Felipe Pinheiro de Barros enquanto ele corria na rua em Itanhaém, no litoral de São Paulo, nada mais é do que uma parada cardiorrespiratória que levaria à morte caso não fosse revertida rapidamente. Ao g1, a médica cardiologista Fernanda Douradinho informou que o diagnóstico veloz é essencial para evitar sequelas.
Arthur ficou um mês internado, sendo nove dias em coma, após ter a morte súbita abortada em fevereiro de 2024. Ele teve seis ciclos de paradas cardíacas e chegou a ser desenganado pelos médicos, mas contrariou os prognósticos e reaprendeu a falar, ler, escrever, andar e até correr.
Apesar disso, Arthur ainda vive com sequelas cognitivas causadas pela falta de oxigênio no cérebro, como a perda de memória recente. Ao g1, a médica Fernanda Douradinho explicou que o tempo que o paciente demora para voltar ao ritmo normal do coração influencia diretamente nas sequelas neurológicas, que podem ser irreversíveis.
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“A gente sabe que, depois de cinco minutos [em parada], há o risco de ter comprometimento no sistema nervoso central [...]. Quanto maior o tempo, pior o prognóstico”, afirmou a cardiologista.
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De acordo com ela, a principal sequela de morte súbita abortada é justamente o estado de coma, do qual Arthur ficou por nove dias. No entanto, o período pode ser ainda maior. “O grau de cada um depende do tempo e da resposta da pessoa, mas ela pode nunca mais voltar ao normal. Pode ficar em coma e [depois] só abrir o olho, se tiver ficado muito tempo em parada. Depende muito de cada um”, explicou.
Como reverter?
A médica explicou que, para reverter uma morte súbita, é necessário a desfibrilação. Por isso, locais públicos com grande movimentação de pessoas, como shoppings, costumam ter um desfibrilador automático.
“Quando você detecta uma pessoa que tem uma queda na sua frente, você nota que não tem pulso, você coloca esse desfibrilador no momento da parada e o próprio aparelho dispara o choque automático. É muito comum em locais grandes e a gente consegue reverter essa arritmia”, afirmou.
Caso não haja um desfibrilador no local, como no caso de Arthur, o indicado é realizar massagem cardíaca e acionar um serviço de emergência o quanto antes. “Realizar as manobras de reanimação cardiopulmonar imediatamente para conseguir ter um desfibrilador”, disse.
Arthur Felipe Pinheiro de Barros, de 33 anos, voltou a correr após passar mal enquanto corria na rua em Itanhaém (SP)
Arquivo Pessoal
Causas
Segundo Douradinho, a morte súbita abortada é causada, principalmente, por arritmias, que podem ter sido desencadeadas por vários fatores, entre eles, infarto ou alterações estruturais, como inflamação no coração.
A profissional explicou que a atividade física pode ser um gatilho para a arritmia, não a causa. “O que leva à morte súbita são as causas que não foram diagnosticadas”, disse.
Como exemplo, a médica citou jogadores de futebol que sofrem paradas cardíacas enquanto estão em campo. “Pode ter, por exemplo, uma cardiomiopatia hipertrófica, que é o coração com músculo maior do que o normal. Então, durante o esforço físico, como ele exige mais do coração, pode desencadear essa arritmia e causar uma morte súbita”, relatou.
Coração
Joelton Barboza/HRVJ/Reprodução
Tratamento
Quando a morte súbita é abortada, o tratamento que o paciente recebe em seguida será para a condição que desencadeou a parada cardíaca. Por isso, ele varia de pessoa para pessoa.
“Às vezes, é controlar os fatores de risco, abrir uma artéria que estiver entupida, às vezes é colocar um marca-passo, que a gente chama de desfibrilador implantável. Se for uma arritmia recorrente, esse próprio dispositivo aborta, impede que tenha novas arritmias e novas paradas cardíacas”, disse Douradinho.
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